Nosso camarada Dani Correa e sua linda família são daqueles que nos inspiram a rever como levamos nossas vidas e sobre como é possível encontrar novas formas de trabalhar, viver e construir nossos laços familiares. Há cerca de 2 anos ele, a esposa Grazi e o filho Otto (Rocker in Love), viajam pelos EUA morando numa van para fotografar os matrimônios mais espetaculares da paróquia, num projeto denominado U.S. Wedding Tour.

Juntos eles já passaram por lugares de tirar o fôlego dentre eles o Parque Nacional de Yellowstone, na California, do qual acabaram de retornar.
Não perdemos a oportunidade de bater um papo pra saber como foi essa rica experiência de conhecer um dos lugares mais bonitos do planeta terra.

O que mais chamou a sua atenção quando vocês pisaram no Yellowstone pela primeira vez?

Viajar, pra qualquer lugar que for, é como um exercício para os olhos e para a alma de qualquer pessoa, principalmente para fotógrafos, pois trabalhamos intensamente com esse sentido. Sair do cotidiano, da zona de conforto, da rotina, funciona como uma reciclagem, um momento para parar e refletir, isso leva ao autoconhecimento que inevitavelmente inspira e eleva. Agora imagina uma vigem para um lugar tão grandioso como Parque Nacional de Yellowstone?

Yellowstone é espetáculo da natureza! A diversidade e beleza são impressionantes. É único e de tirar o fôlego! A organização e preparo para receber milhões de turistas (QUATRO milhões) ano após ano de forma sustentável, equilibrada e consciente é um exemplo para mundo. A acessibilidade do parque, tanto no sentido de locomoção quanto financeiro ($30 por carro, por 7 dias) é coisa linda, pra aplaudir de pé!

 

O que você recomendaria para um turista que vai conhecer o parque? Qual o melhor roteiro?

Separe de 3 a 7 dias - quanto mais, melhor. Mesmo que você decida acampar, é importante fazer reserva. Pare no visitor center logo que chegar (são 5 entradas e 8 vititor/education centers). Peça pelo mapa do parque e peça para marcarem os pontos importantes. Visite TODOS. É possível ver a mesma cachoeira (por exemplo) de pontos diferentes e TODOS são fascinantes. Algumas trilhas exigem mais fisicamente. Tome o seu tempo mas não deixe de ir - novamente, TODAS são fascinantes! Leve uma câmera boa mas tire um tempo para contemplar com seus próprios olhos, sem correria. Se você vir uma fila de carros parados, pare. É provável que o motivo seja algum animal incrível como bisão ou urso por perto.

Respeite as recomendações de segurança, especialmente em relação a manter-se nas trilhas - lembre-se que o parque esta dentro de um vulcão e no limite de proximidade com animais selvagens. Podem parecer inofensivos, confortáveis com os turistas, fofos, mas ainda assim são selvagens.

Como é a relação entre as pessoas e a vida animal? Como o parque cuida dessa integração sem colocar em risco a flora e a fauna local?

Yellowstone é o primeiro Parque Nacional do mundo. Nesse ano de 2016 está sendo comemorado os 100 anos da agência que cuida dos Parques Nacionais dos EUA e também 100 anos de Yellowstone. O sistema de conservação e visitação do parque foi base para todos os outros 58 parques Nacionais dos Estados Unidos e muitos outros no mundo. Yellowstone é a prova que é possível existir essa interação entre um ambiente tão especial e frágil com milhões de pessoas de forma equilibrada.

 

É realmente impressionante ver tantas pessoas usufruindo e tendo a oportunidade de conhecer de se beneficiar de um lugar como esse. Mesmo assim saímos com a sensação de que se voltarmos daqui 50 anos cada pedra, cada arvore estará no mesmo lugar.

Lógico que existe multa e até mesmo cadeia se você for pego “só” colhendo uma florzinha. Mas não se vê a organização do parque falando tanto em punição quanto eles falam em conscientização. Todo Parque Nacional tem pelo menos um “centro de visitação” (Yellowstone são 9) que vão muito além de uma lojinha de suvenier e cartão postal. Lá o visitante encontra informação sobre o parque, exposições, palestras com os guardas ambientais e o mais importante: Atividades geniais envolvendo as crianças, cuidando da formação ambiental desde pequenos.

O que significa estar conectado a natureza?

Essa pergunta é um tanto complexa. Existe uma diferença entre estar em contato com a natureza e estar conectado com a natureza.

Pra gente, o conectado está relacionado com o seu espírito, sua mente e a sua alma. Não significa que você não possa se conectar com a natureza no dia a dia em uma cidade grande. Isso pode estar no abrir a janela e sentir o sol, no cheiro da chuva, no passeio com o seu cachorro pelo parque, no cuidado com a planta que mora na sua casa. Mas lógico que essas atividades no dia a dia muitas vezes se tornam corriqueiras e mecânicas, e quando você está em um ambiente novo (de férias), com a mente livre e aberta, o espirito leve, essa percepção de conexāo e intimidade ficam muito mais intensas. Conseguimos parar, focar e refletir em tudo a nossa volta… Inclusive em nós mesmos.

Quando você percebeu que queria viver essa liberdade que sua profissão e seu estilo de vida proporcionam?

Nāo é o que deveria ser o normal para o ser humano? A Liberdade?

Sempre vão existir limitações em diferentes sentidos, algumas estão além do nosso controle como as de natureza física ou decisões de terceiros, mas há muitas que podemos controlar. Temos que estar atentos para perceber, identifica-las e então, se aceitarmos e nos sujeitarmos a essa situação opressora, isso passa a ser uma escolha livre.

O grande problema é que não percebemos…

Ou quando percebemos não conseguimos ver uma outra forma de vida e aceitá-la como “normal”.  Viramos escravos de compromissos financeiros, de trabalhos que não nos dão prazer, de vícios que nos custam a saúde, de rotina que não nos edifica…

Pra nós, que sempre ganhamos a vida fazendo o que amamos (fotografia), foi muito difícil perceber que algo não estava certo.  Embora estivéssemos fazendo algo que amávamos, queríamos também fazer outras coisas - coisas que deveriam ser simples como estar mais em família e ver o mundo - e não podíamos. Estávamos presos em um estilo de vida, em compromissos financeiros, em uma rotina, em um vício de trabalho.

Abrimos os olhos para isso graças ao nosso filho Otto, que com 3 anos iniciou sua fase de questionamentos. Ele demandava nossa atenção. Começamos a perceber e a ter consciência que, embora passássemos o dia inteiro “juntos” - em nossa casa/escritorio - estávamos na frente do computador de segunda a sexta, da hora que acordávamos até a hora de dormir. Sábados estávamos em eventos e domingo, quando não tínhamos eventos, estávamos exaustos.

Fazíamos churrasquinho no fim de semana mas sempre estávamos de olho naquele arquivo que estava exportando, nas cópias de back-up que estavam sendo feitas entre uma carne e outra.

Dia das crianças, nosso filho Otto pediu de presente um jantar - eu achei que ele estava com desejo de Mc Donalds ou alguma coisa específica que ele tinha visto na TV. Então ele disse:“Quero um jantar igual no dia dos namorados (QUATRO meses antes). Nós três juntos na mesa!”

Siga o insta para acompanhar mais as aventuras dessa família de fotógrafos viajantes @rocker_in_love